Que venha a Croácia



Seleção Brasileira passou fácil pela Coreia do Sul (Foto: AFP/Manan Vatsyayana)

Vou insistir nisso até o apito final, que está logo ali, pois passei dos 80 minutos, com direito, talvez, a prorrogação ampliada a la Copa do Catar: a questão básica no futebol está na armação de meio de campo.

Prova disso está na comparação de como atuou o Brasil na vitória por 2 a 0 sobre a Sérvia, na estreia, e na goleada desta segunda-feira diante da Coréia do Sul, pelas oitavas de final da competição, em relação às duas partidas intermediárias, contra Suíça e Camarões.

Contra Suíça e Camarões, nosso meio de campo, o centro vital de qualquer equipe, pois é onde se define o balanço entre defesa e ataque, jogamos com dois volantes típicos (Casemiro ou Fabinho e Fred ou Bruno Guimarães). Já contra a Sérvia e Coréia, o triângulo de meio-campo foi invertido: um volante (Casemiro) e dois meias (Neymar e Paquetá).

Resultado: 2 a 0 sobre a Sérvia e goleada de 4 a 1 diante da Coréia.

Não se trata, porém, de olhar só para o placar, mas, sim, de baixar o olhar para o campo de jogo e verificar como a bola rolou. Veja como a bichinha pipocou incerta contra Suíça e Camarões e compare o jeito como ela fluiu da defesa ao ataque, sobretudo, frente à Coréia.

Ah, mas a Coréia é baba, dirá o sempre cético torcedor, forjado há décadas nesse sistema de dois volantes. Respondo: sim, tão baba quanto Camarões, que acabou nos derrotando.

Outro acrescentará que faltava Neymar, cuja volta nesta segunda foi preciosa, mais no aspecto anímico e tático do que técnico.

O fato é que o Brasil, diante da Coréia, fez um primeiro tempo exemplar, sobretudo pela participação de Lucas Paquetá na armação ao lado de Neymar, o que permitiu Casemiro a atuar feito um autêntico center-half (centromédio) dos velhos tempos, distribuindo passes exatos a partir do círculo central.

E assim os atacantes acrescentarem alguns gols preciosos em seus respectivos currículos. Vini, Richarlison, Neymar e o próprio Paquetá). Só Raphinha não fez o seu, embora houvesse criado duas chances de ouro, conjuradas pelo goleiro. Tudo isso no primeiro tempo.

No segundo, como habitualmente acontece com o nosso futebol, refluímos e permitimos à Coréia o gol de honra., com Paick.

Pois, que venha a Croácia, nas quartas de final, que passou a duras penas pelo Japão, nos pênaltis.

Uma escolha do destino mais amena da reservada aos demais grupos, principalmente a França e Inglaterra, duas das outras mais credenciadas ao título pelo que mostraram até agora na disputa.

Afinal, os atuais vice-campeões mundiais vêm atravessando essas fases regurgitando. Quem sabe, né?