A confusão de sentimentos e sensações provocada pelos Jogos Olímpicos

Os Jogos Olímpicos são o maior evento esportivo do mundo. Apenas participar deles já é uma conquista incrível. Muitos atletas dedicam suas carreiras inteiras treinando e se esforçando para alcançar esse objetivo, mas nem todos conseguem realizar o sonho de competir em uma Olimpíada. Chegar em condições de disputar uma medalha é um privilégio enorme, mas é a imprevisibilidade do esporte que o torna tão especial. Mesmo sendo favorito, nenhum atleta tem garantia de vitória até o fim da competição.

Hugo Calderano perdeu a chance de conquistar a primeira medalha do Brasil em Jogos Olímpicos no tênis de mesa (Alexandre Loureiro/COB)

A participação de Hugo Calderano em Paris-2024 é digna de análise. Sua imagem chorando na zona mista mexeu profundamente comigo. Ele alcançou algo inédito para um mesatenista fora da Europa e da Ásia, ao mesmo tempo em que sentiu a dor da derrota que o impediu de trazer a tão sonhada medalha para o Brasil.

A mistura de sentimentos é evidente. Calderano conquistou um honroso quarto lugar nos Jogos Olímpicos, a melhor colocação de um atleta das Américas na história do tênis de mesa. O feito é notável e merece ser celebrado. Mas a tristeza pela forma com que a medalha escapou também se faz presente.

Resta a dúvida: Calderano terá outra chance como esta em Paris-2024? Outro brasileiro terá em breve a oportunidade de conquistar uma medalha no tênis de mesa como ele teve? A esperança e a dor se mesclam, especialmente porque tudo parecia conspirar a favor do pódio para o brasileiro.

A derrota de Wang Chuqin, número 1 do mundo, para o sueco Truls Moregard abriu caminho para Calderano na competição. O brasileiro, quarto cabeça de chave, poderia chegar à final olímpica sem enfrentar nenhum rival chinês, tradicional potência na modalidade.

A esperança dos torcedores brasileiros estava em alta, assim como a de Hugo Calderano. O mesatenista do Rio de Janeiro teve a oportunidade de colocar o Brasil no topo do tênis de mesa olímpico. Com uma campanha brilhante, bastava vencer o sueco Truls Moregard na semifinal para garantir uma medalha e brigar pelo ouro na final.

Apesar de Moregard ser o número 19 do mundo e ter sido vice-campeão mundial, Calderano demonstrou superioridade nos primeiros sets. No entanto, o brasileiro acabou perdendo a partida por 4 a 2, após não conseguir recuperar-se das primeiras derrotas.

Essa derrota teve um impacto direto na disputa pela medalha de bronze, contra o francês Felix Lebrun. Ambos atletas de nível semelhante, o embate foi marcado por erros não forçados de Calderano, que facilitaram a vitória de Lebrun. A derrota na semifinal afetou psicologicamente o desempenho do brasileiro, prejudicando suas chances de subir ao pódio.

Apesar de tudo, é importante reconhecer o feito histórico de Calderano. Seus resultados evoluíram ao longo dos anos, culminando no quarto lugar em Paris-2024. A desilusão de ficar sem medalha é compreensível, mas é a partir dessa experiência que ele poderá se fortalecer para futuras competições.

Como diz a música do Revelação, é hora de erguer a cabeça, seguir em frente e acreditar que dias melhores virão. A jornada de Hugo Calderano nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 é um capítulo importante em sua carreira, marcado por emoções mistas e aprendizados valiosos. Acredito no seu potencial e na sua capacidade de evoluir ainda mais nos próximos desafios.