A questão, agora, é: quem nos marca?

Ai, meu Deus! E quem vai defender? Assim, o Brasil vai ser uma peneira na Copa. Tamo robados!
Era assim que a turminha viciada em retrancas recebia a notícia de que o tão equilibrado Tite iria escalar um time altamente ofensivo na estreia contra a Sérvia, time ajustado, experiente, centro da Escola dos Balcãs, tida na Europa como a sucursal do Brasil naquele continente; isso, no passado, quando jogávamos livres e soltos.
Tudo, por causa de uma simples mudança: a entrada de um ponta ofensivo, Vinicius Jr. no lugar do volante Fred, o que recuaria o meia Paquetá para iniciar as jogadas de ataque ao lado de Casemiro.
Claro que os neófitos, criados na tal formação com dois volantes, passaram a chamar esse meia-armador de segundo volante, como se Guardiola não estivesse há anos levantando taças na Espanha, na Alemanha e na Inglaterra sem esse tal de segundo volante. Portanto, nada mais moderno, eficiente e seguro do que jogar com apenas um volante, quando não sem nenhum.
Aliás, o próprio treinador sérvio, na véspera, espantou-se: “Ué, quem vai marcar no Brasil?”
Queria ver sua cara agora, depois dos 2 a 0, mais duas bolas nas traves e todo aquele baile que seu time levou no segundo tempo, com o coração disparado a cada investida de Vinícius Jr. pela esquerda, tanto no primeiro gol de Richarlison quanto naquele voleio plástico do nosso centroavante, digno de uma placa no estádio do Qatar.
Bastou meia-hora de bola rolando pra que o time escalado daquela forma pela primeira vez na vida evitasse eventuais ataques fulminantes do inimigo e se ajustasse em campo.
A partir daí foi um domínio absoluto do Brasil, que não correu nenhum risco, graças, sobretudo, à participação de todos na hora de recuperar a bola, em especial do trio Casemiro, Thiago Silva e Marquinhos, impecáveis, enquanto Paquetá, Neymar, Raphinha, Vinícius e Richarlison sopravam altas doses de pânico nos cangotes dos adversários.
Daí até apito final, a questão deixou de ser quem marca no Brasil, mas, sim, quem nos marca, a lei maior do futebol antigo, moderno, eterno.