Atividade Sexual e Performance Esportiva (mitos e verdades)


Uma dúvida muito frequente no mundo esportivo é sobre a atividade sexual próxima a competições. Existe, de fato, alguma correlação? Será que poderia repercutir em queda de performance e comprometer os resultados?

Atualmente, muitos clubes optam em orientar abstinência sexual próximo aos jogos. Contudo, não há um consenso sobre este assunto. Dra. Christiane Oliveira especializada em sexologia, nutrologia e amante dos esportes, esclarece tudo sobre essa polêmica.

A atividade sexual é um dos pilares da qualidade de vida segundo a Organização Mundial da Saúde e como tal deve ser praticada de acordo com a vontade e a necessidade de cada indivíduo.
Fisiologicamente a relação sexual demanda gasto energético, elevação da frequência cardíaca, da respiração e da pressão arterial e envolve uma interação complexa entre os sistemas nervosos simpático e parassimpático.
O curto circuito gerado no cérebro durante o orgasmo ativa os sistemas de recompensa causando sensação igual ao uso de drogas, consumo de álcool, prática de jogos, comer sua comida favorita ou ouvir uma bela canção. Mas, será que algo tão fisiológico e gratificante poderia prejudicar o desempenho de atletas de alto rendimento?

Dopamina, endorfina, ocitocina, noradrenalina são alguns dos neurotransmissores liberados no pós-coito, e com essa enxurrada química cerebral causando relaxamento, a única coisa que um ser humano quer é dormir. O grande campeão Mohammad Ali dizia que precisava de 6 semanas de abstinência antes de uma luta.

Porém, uma revisão sistemática publicada agora em 2022 na Nature, concluiu que “a atividade sexual dentro de 30 minutos a 24 horas antes do exercício não parece afetar a aptidão aeróbica, resistência musculoesquelética ou força/potência”, desmistificando essas teorias.
Por outro lado, não é incomum a prática associada do uso de álcool e outras substâncias tóxicas comumente vincularas à prática sexual. Neste sentido, fica evidente os prejuízos que podem ocorrer.
E importante ressaltar que a prática sexual pode trazer relaxamento e facilitação do sono, elemento importante para o equilíbrio hormonal e de neurotransmissores que afetam a concentração e foco.

Portanto, sexo está liberado e pode até ser benéfico para alguns desportistas diminuindo sua ansiedade e aumentando os níveis de testosterona para a competição, desde que respeitem o horário do sono e não consumam álcool ou outras substâncias ilícitas.
A mensagem final que fica é a mesma que sempre venho defendendo no mundo esportivo, na dúvida a moderação é sempre o melhor caminho. Assim como tudo, a atividade sexual a depender de como seja exercida, de todo contexto, dos bastidores e cenário envolvido, pode sim, ser salutar, ainda que em vésperas de competições esportivas.
Bom treino!

Médico do Esporte