Jogos Olímpicos do Perrengue Chique!

Estamos na véspera da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris-2024! Não tem nada mais emocionante e realizados para um jornalista esportivo do que cobrir uma Olimpíada. Mas não pense que tudo são flores e que a realização de um sonho não passe por uma série de perrengues. A ideia deste blog que estreio hoje aqui na Gazeta Esportiva é contar um pouco dos bastidores, das histórias por trás das conquistas e das medalhas, mas acho interessante mostrar o lado B não só dos atletas, mas também das pessoas que estão por aqui para trabalhar como nós da imprensa.
Para que uma cobertura desse porte saia da melhor maneira possível, ela precisa ser muito planejada. Mas mesmo com meses de planejamento, tem sempre alguma coisa que foge do controle e que você precisa ser rápido para resolver. Aconteceu comigo logo no meu primeiro dia por aqui. O plano é fazer a cobertura usando celular mesmo para fotos e vídeos. Acontece que, por mais testes que tenham sido feitos em São Paulo, quando chegamos aqui alguma coisa aconteceu com meu celular, que não reconhecia o microfone por mais adaptadores diferentes, originais ou não, que eu tentasse experimentar.
Para enviar o meu boletim de estreia no Gazeta Esportiva, do lado do Stade de France, convoquei o Wesley Felix, um dos repórteres da equipe, para me ajudar. Usamos o celular dele, deu tudo certo e o boletim foi para o ar, falando especialmente da escolha de Isaquias Queiroz e Raquel Kochmann como porta-bandeiras do Brasil na cerimônia de abertura.
Mas eu não podia contar com essa ajuda por todo o tempo dos Jogos. Num evento com tantas competições simultâneas, cada um está num canto para que a gente possa registrar o máximo de coisas possível. Então, eu tive que tomar uma atitude para resolver o problema. Testei mais alguns tipos de adaptadores, comprados aqui na França, e também não funcionou.
Resolvi então tirar o escorpião do bolso e investir na compra de um celular novo! Pagando em euro, custou um rim, mas, pelo menos agora, eu estou com um equipamento funcionando 100%. Mas as coisas não pararam de dar errado. Demorei uma eternidade na loja. Aqui na França é possível recuperar uma parte do que você gasta em compras porque eles te devolvem o valor do imposto na saída do país. Para isso, no entanto, é preciso que a loja te dê um documento. Foi um parto consegui-lo. A atendente não falava inglês e demorou horrores para conseguir entregar toda a documentação.
Quando tudo isso acabou, pude em fim partir determinado a cumprir minha missão do dia. Tinha combinado com a Michelle Gianella, gerente de esporte da TV Gazeta e apresentadora do Gazeta Esportiva, que eu ia circular pelo centro de Paris e fazer a minha entrada em frente à Torre Eiffel.
Mas eu tinha apenas uma hora para fazer tudo por conta de todos os atrasos. Em princípio, parecia que daria tudo certo. Fui a Avenida Champs-Élysées, visualizei ao fundo o Arco do Triunfo! Registrei a movimentação da cidade com as ruas todas enfeitadas com as cores de Paris-2024. Vi também cidadãos e turistas irritados com o excesso de ruas e acessos fechados por conta da segurança montada para a cerimônia de abertura, que vai ser realizada no Rio Sena, pela primeira vez na história fora de um estádio.
Parti então para a Torre Eiffel pelo caminho que fiz logo que cheguei e fui tirar uma foto no cartão postal da cidade. No caminho, entretanto, fui barrado. Dali em diante, só passava quem estava com credencial. Mostrei a minha, mas quando o segurança conferiu o QR Code, meu acesso foi negado. Como só falava francês, o guardinha não soube me explicar o motivo. Eu não sabia se meu acesso havia sido negado porque eu não podia passar por ali ou se a minha credencial estava com problemas.
Eu podia ter tentado um outro acesso, mas, como estava com medo do problema ser a minha credencial, resolvi mudar o plano e ir para o centro de imprensa. De lá, um prédio muito bonito que é o Palais dès Congres (Palácio do Congresso) de Paris, eu conseguiria verificar minha credencial, gravar o boletim e enviar da sala de imprensa do local.
A mudança de trajeto me fez atrasar ainda mais. Já não conseguiria enviar as imagens no prazo combinado, mas o editor Marcelo Bamonte foi extremamente paciente e se mostrou muito disposto a fazer as coisas darem certo, mesmo que ele tivesse que correr.
Quando cheguei no centro de imprensa, consegui verificar que tudo estava OK com minha credencial, enviei as imagens que eu precisava pela internet para o Marcelo e fui gravar o boletim. Consegui fazer tudo rápido e subi o arquivo para o editor. Achei que a missão estava cumprida, mas ainda tinha mais uma coisa para dar errado.
Não sei porque cargas d’água, o vídeo só estava em velocidade normal em seu primeiro minuto. A partir de um certo momento, tudo ficava em câmera lenta. Não faço ideia de como isso aconteceu! Ou seja, não dava pra usar! Era preciso gravar um novo, mas não sabíamos se daria tempo.
Saí correndo e consegui gravar! Demorei um pouco mais pelo nervosismo de se fazer algo na correria! Mas dessa vez não teve câmera lenta, o vídeo subiu certinho. Maaaaaaas…. Não chegou a tempo e meu boletim não entrou no Gazeta Esportiva.
Coisas que, infelizmente, podem acontecer numa cobertura. Agora, se eu tiver um dia tão ruim como esse, eu juro que eu volto pra casa! Pelo menos, eu acho que tirei toda a zica do mundo e que, a partir de agora, tudo vai correr do melhor jeito possível e eu vou poder contar para vocês todas as histórias sobre as muitas medalhas que, com certeza, o Brasil vai ganhar aqui em Paris.